Estava olhando esta
notícia do naufrágio ali no rio Xingu,
E o povo sendo
resgatado lá no Porto de Moz e Gurupá
(local onde tem muita terra radioativa - essa é outra história pra
outro dia).
É a segunda vez na
vida que vejo estas bandas (a primeira ao vivo, fui lá em um trabalho
e a segunda agora pela net),
E nas duas vezes, a
morte.
Naquela região, muita venda de camarão seco e necessidade que os governos não cumprem. Pense num lugar
que cheira a camarão seco de rio e falta de saneamento.
O “hotel” qual
fiquei na região, era mais uma pensãozinha de boca de porto,
E este sobre um
boteco com bilhar e banheiro em vala comum, e chuveiro de estrado. Os quartos cheios de
merda de morcego pelas paredes e amontoado nos cantos onde os bichos
se agarravam,
Um calor da
puta-madre, onde desde que cheguei, pensei com meus botões: “que
merda to fazendo neste buraco? A troco de uma porra de um dinheiro
vou acabar morrendo aqui ou de alguma doença daqui.”
Lembro que logo
depois de deixar as tralhas no quarto, fui buscar um local pra comer,
eu e meu guia, chefe de uma associação de pesca regional,
Enfim achamos um
“restaurante” e pedimos o que tinha pra comer,
Arroz,
feijão-de-corda (que amo), um galo com molho ralo e restos de pena,
ovo frito e um refri.
Não deu tempo do
prato parar de balançar na minha frente quando o cara trouxe, e logo passa ao meu
lado na rua, um cara morto, com a cabeça esmagada, por um galho da
mata, que caiu em sua cabeça, sendo carregado por um povaréu, e
mulheres aos gritos, e aquele zum zum zum, e sanguera,
E eu perdi a fome.
Segundo pensamento
do dia: “vou morrer mesmo nesta merda de lugar”.
Dia seguinte tratei
de levantar cedo, pois dormir não consegui pelo cheiro de bosta de
morcego e eles a voar na minha cabeça. Fora o cheiro de veneno, pois
vi que havia muito carapanã no quarto e pedi para passarem um
veneno, assim também não corria o risco de contrair malária ou
outra coisa.
Tratei de fazer meu
trabalho rapidamente numa das associações de locais, e fui pro
porto pegar outro barco (que quase afunda) e rumar pra outra cidade do rio Xingu (rio lindo por sinal) perto de onde pretendem fazer a barragem de Belo Monte, e ser
ameaçado de morte, não preciso dizer que esta foi a 12ª e
última cidade das 17, que eu tinha que visitar e fazer vistoria.
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