A História do Samba "Nega Maluca"


A História do Samba “Nega Maluca”, de Evaldo Ruy e Fernando Lobo, inspiradora de uma famosa fantasia de carnaval homônima. O samba foi um grande sucesso no carnaval de 1950 e, além de servir de mote da fantasia, tem uma história interessante na sua origem.

Nascido no Rio de Janeiro, Evaldo Rui (à esquerda) se autodenominava “carioca da gema”. Foi morador dos bairros de Bonsucesso, Botafogo e Vila Isabel onde conviveu, entre outros, com Noel Rosa, Almirante, André Filho, Braguinha. Boêmio e freqüentador do Café Nice, reduto de instrumentistas, cantores e compositores da Música Popular Brasileira nos anos 1940 e que ficava na  Av. Rio Branco 174, no Centro do Rio de Janeiro, então capital do país.










Fernando Castro Lobo (abaixo à direita de Ataulfo Alvez), compositor, nasceu em Recife PE em 26/7/1915 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 22/12/1996. Pai de Edu Lobo outro grande nome da música brasileira.














Edvaldo Ruy, certa vez, contou ao seu velho amigo Fernando Lobo, uma cena que presenciou em um bar: uma crioula insistia em entregar uma criança a um frequentador do recinto alegando que o filho era dele. O rapaz, que estava jogando sinuca com colegas, se recusava a receber a criança repetindo, insistentemente, que o filho não era dele.

A história foi relatada por Fernando Lobo, em seu livro "À mesa do Vilarino", (páginas 87 e 88).
No livro, o compositor detalha que Evaldo Ruy, ao ver a cena, falou para ele que ficara com o estribilho na cabeça e cantarolou o refrão:

Tava jogando sinuca, 
Uma nega maluca, me apareceu, 
Vinha com um filho no colo, 
E dizia pro povo, que o filho era meu.

Depois desta conversa os dois foram ao Vilarino e, no caminho, Fernando criou a segunda parte:

...Há tanta gente no mundo, 
Mas meu azar é profundo, 
Veja você meu irmão, 
A bomba, estourou na minha mão...

Era dia de inspiração e Ruy complementou no mesmo momento:

...Tudo acontece comigo, 
Eu que nem sou do amor... 
Até parece castigo, 
Ou então influencia da cor!... 

Estava, ali, criado um dos maiores sucessos do carnaval de 1950. 
Posteriormente um dos donos da “A Exposição”, uma loja popular da época, propôs que Fernando Lobo criasse uma fantasia utilizando os argumentos da música.
Fernando lembrou-se da personagem Topsy de "Uncle Tom's Cabins", adaptada no Brasil como “A Cabana do Pai Tomás” e desenhou a sua versão da fantasia da nega maluca: um vestido vermelho, com bolas brancas, que poderia ser completado com uma carapinha com tranças e laços vermelhos na ponta, o rosto pintado de preto, meias pretas e sapatos baixos. A fantasia exposta na vitrine da loja foi um estrondoso sucesso de vendas e, até hoje, é um dos símbolos do carnaval.

Comento: Fernando Lobo conta no seu livro que, curiosamente, a primeira versão da música foi feita em ritmo de baião e oferecida a Luiz Gonzaga, mas o Rei do Baião não se interessou em gravar.

A música foi para a gaveta e, tempos depois, em um encontro casual com Francisco Alves, a dupla apresentou a música ao Rei da Voz que gostou, mas sugeriu que o ritmo fosse alterado para samba, alegou, se desculpando, que o repertório do seu disco estava fechado e que não iria ser possível gravar no momento.

Depois do insucesso com Francisco Alves, os dois grandes compositores foram falar com Linda Batista, que fazia um show no Vogue. A cantora ficou entusiasmada com o samba e resolveu gravar já no dia seguinte. A música ainda viria a ser gravada por muita gente, até Amália Rodrigues, a Rainha do Fado, gravou o samba. 

abaixo, versões da música.


Linda Batista





Amalia Rodrigues



Carmina Juarez






Caetano Veloso








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