Lágrimas em Chuva

Ignorante de luzes,
tal qual uma cega pode estar.

Tateio minha solidão,
buscando discernir entre o bem e o mal,
assim como luz de sobra,
e sardas em face desconhecida de vulto amigo.

Tateio minha ignorância de luz,
procurando ocultar o fato,
procurando fazê-los compreender,
que vejo-os.
Para que não me vejam, assim tão desesperada,
a ponto de me abandonarem na escuridão do desprezo e desrespeito.

Procuro aos ventos,
sem vê-los,
apenas sego o farfalhar, com minhas vistas quase mortas.

São rudes suas ações,
assim como rudes seus olhares,
quais não vejo.

Por vezes tenho vontade de gritar,
embora cega,
posso chorar ainda.

Na busca de mim mesma,
ou do retorno à mim mesma,
procuro curandeiros, qual possam me trazer luzes ainda,
luzes de distinção e de alma.

Nesta jornada restante de vida.

Desejo ter desejo,
desejo ser desejada,
desejo ver sorriso e tristeza,
desejo voltar a sentir além do que posso agora,
desejo ver.

Não importando se a percepção do mundo,
possa vir de forma diversa a que aprendi outrora.
Não importa...
...apenas...
...desejo sentir a luz além da pele,
desejo sentir a luz com meus olhos,
mesmo que o espectro seja ínfimo,
ainda assim, desejo.

Sentir as dores da luz,
e da sombra.

Num curandeiro me postulo,
ele foi o instrumento meu de cura.

Ao desvendar,
revelar o que me cobre a ignorância,
sento as dores, que quero sentir,
embora não masoquista,
adorei.

Saio ao passo bambo,
insegura como neonata.
E vejo luzes, num arco-íris doloroso,
mas vejo.

Lá fora, chuva a cair,
preparando meu rebatismo em água cristalina e límpida,
vou.
Permito-me ir.
Como poderia ser diferente?!

Deixo as gotas caírem sobre meus novos olhos,
sem medo,
misturam-se às lágrimas,
vislumbro a distorção das imagens agora claras e definidas,

definidas distorções,
deixando desvelar o mundo há tanto informe,
belas, novas e definidas distorções.

Sorrio.

Sentir e perceber,
conscientemente,
vale a pena.

O que quer que seja,
que eu perceba ou veja,
responsavelmente,
vale,
desde que seja, novamente.

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