Duelo entre mãos e lábios (poesia concreta)
(às minhas irmãs Renata e Fernanda)
Cada palavra
Desce do canto da boca e respira profunda como tudo que é secreto...
Após gestos eufóricos de luta...
Expressões faciais demonstram contorcidas, gotas de suor a escorrer entre os lábios, que jazem pesados.
Cada gesto...
Escorre das mãos, como cada palavra em fúria supra...
Sábia é a palavra, qual nenhum gesto imita...
Como se ela por si fosse o passado, presente e futuro...
Como se todos fossem um e um fosse o próprio todo...
Sabedoria...
Então seria o gesto, que em luta sorrateira...
Sofrendo em mímica pudesse imitar o que sente a boca traiçoeira...
E de toda sua inveja se recolhesse nos passos trêmulos de um gesto moribundo...
De mãos vencidas...
Os lábios então se apertam em um pré-sorriso de sarcasmo... Como que premendo essa vitória entre si.
Contudo eis que as mãos se erguem com dedos altos, como que querendo alcançar os céus e pedir a Deus forças.
Uma de cada lado da face...E ao chegarem à altura da boca, elas lançam seu ultimo gesto antes de despencarem esgotadas...aproximam-se e colam junto aos lábios e deles extraem o mais belo e último... o gesto para o infinito, apaixonado, de um beijo lançado a duas mãos.
25 abril 2003, 7:32 - Eduardo Engler
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